ACORDEI

23 de julho de 2024


 

ACORDEI

 

Acordei...

Numa posição fetal...

O corpo todo enroscado , meio embrião...

           

Queria renascer, acordar e olhar para o mundo com olhos de esperança, gratidão e AMOR, tentei por várias vezes provocar o parto, esforcei-me bastante para expulsar-me daquele útero generoso que me acolhia sem medo e me fornecia a segurança de  que tanto precisava naquele período de minha vida, onde nada mais me importava, a não ser a imensa solidão que me invadia. Era desolador o que pressentia, mas era necessário  aceitar e respirar...

 

Tive medo de chegar à janela, e não avancei.

Tive medo dos carros, dos ônibus, dos monstros...da poeira...do asfalto!

Eu tive medo e voltei... Voltei para mim.

Lá fora tudo é muito escuro, me apavora! Lá fora mora o mundo, eu o temo, como temo a morte! Curvei-me como uma velha! Cansada de existir, de ver os carros...Os ônibus...Os monstros... A poeira.. O asfalto!

Fiquei angustiada, tive vontade de vomitar a Terra...Os pequeninos homens.

Voltei para o quarto, acendi a luz, e então me senti protegida dos carros...Dos ônibus...Dos monstros...Da vida...Da Morte!...

 

Queria renascer, acordar e olhar para o mundo com olhos de esperança, gratidão e AMOR, tentei por várias vezes provocar o parto, esforcei-me bastante para expulsar-me daquele útero generoso que me acolhia sem medo e me fornecia a segurança que tanto precisava naquele período de minha vida, onde nada mais me importava, a não ser a imensa solidão que me invadia. Era desolador o que pressentia, mas era necessário  aceitar e respirar...

 

O dia foi passando rapidamente, não percebia, apenas  tinha a certeza de que não conseguiria vencer a apatia perante a sensação estranha que me invadia e a realidade que reinava no mundo. Era muito triste olhar pela janela da sala e não acreditar que o mundo havia parado literalmente, o Sol brilhava, mas faltavam as pessoas, as vozes pelas ruas, os vendedores ambulantes, não havia escolha, apenas calar... mas não nasci assim e questiono tudo o que me rodeia e observo, não consigo olhar sem procurar ver além...escrever me fascina por esse motivo, através das palavras posso me posicionar e levar às pessoas algumas questões, que muitas vezes passam despercebidas.

A necessidade de reinventar-se é clara e não podemos parar de raciocinar nunca, somos movidos pela razão , apesar da emoção nos conduzir em alguns momentos e até nos provocar atitudes meio insanas rsrsrsrs porque quando agimos com o coração, nem sempre fazemos o “melhor”, mas somos impulsionados a tomarmos atitudes repentinas e até podemos nos arrepender num futuro breve.

Ando pelo apartamento procurando um espaço, mas não consigo definir onde escrever, ler, dançar, ouvir música, assistir a um bom filme ou apenas pensar...lembro dos meus amigos e os procuro todos os dias pelas redes sociais porque quero me certificar de que estejam bem... com saúde e longe dessa “Pandemia!”

O isolamento nos separa, mas não nos afasta porque somos movidos pelas nossas lembranças e os verdadeiros companheiros estarão sempre conosco, até mesmo nessa guerra biológica  que se instalou no Planeta Terra!

Não sei viver sem abraçar, beijar e dar gargalhadas ... sempre fui comunicativa ao extremo e gosto muito de ouvir as pessoas, sinto prazer em poder dar uma opinião e tentar amenizar dores alheias.

O ser humano é totalmente dependente da comunicação entre si, não há como sobreviver sem família, amigos, colegas, internet, estamos todos na mesma embarcação que nos levará a um futuro desconhecido, mas que acreditamos ser “melhor!” Que essa experiência com a solidão nos leve a entender que “nada somos” sozinhos, e que tudo podemos, quando nos unimos!

Queria renascer, acordar e olhar para o mundo com olhos de esperança, gratidão e AMOR, tentei por várias vezes provocar o parto, esforcei-me bastante para expulsar-me daquele útero generoso que me acolhia sem medo e me fornecia a segurança de  que tanto precisava naquele período de minha vida, onde nada mais me importava, a não ser a imensa solidão que me invadia. Era desolador o que pressentia, mas era necessário  aceitar e respirar...

A noite chegou... uma lua gigantesca, estrelas brilhando no infinito e o coração acelerado... toc...toc...toc...

 

Acordei...

Numa posição fetal, o corpo todo enroscado,

Meio embrião...

 

 

 

 

 

                                                                                              

 

 

 

 

 

 

 

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