Há manhãs
O umbigo da noite guarda o cordão de prata da manhã que nascerá de novo,
nova.
Amanhã é sempre o talvez, mas a manhã, filha da noite, é quase agora.
A noite por sua vez, serena, sem que este seja seu definitivo nome, se
entrega.
Some para brotar por trás do horizonte, o sol que não traz amanhã, e sim a
criança manhã.
Visto-me dela mesmo antes de abrir a janela para o astro rei saudar.
De manhã, nas primeiras horas, permito à minha criança, a brincadeira de
sonhar.
Mais tarde minhas mãos já estarão borradas da tinta de desenhar letras no
papel sem seda.
Cedo-me ao contraste da arte de escrever sem desvendar nada.
A palavra é dádiva que saltará da boca a profecia de dizer-se. Porque quando
se fala, as portas do próprio mundo, sem barulho, mostram o mar, o ar, o amar
a si, a mim, ao todo.
Raquel Leal
Digital Collage de Ana Paula Hoppe
Gostei muito Eliane, desta prosa poética, escrita num registo literário muito interessante.
ResponderExcluirA noite, será sempre um doce fascínio e o amanhecer um incomparável esplendor!
Um beijo para ti, querida Poeta!
obrigada, meu amigo poeta!
ExcluirAgradeço a leitura e as percepções, estimado leitor!
ExcluirEssa troca com quem nos lê atentamente traz grande satisfação!
Parabéns também pelo seu blog, A. S.
Abraço fraterno; Raquel Leal.