O mal da nossa sociedade é achar que tudo que
se fala e se pratica é normal, e culpa o sentido cultural nisso. Há pessoas que
xingam e ofendem um negro e acham isso o mais normal pela questão cultural de
ser; na região sul por exemplo é comum os torcedores do Grêmio chamarem os
torcedores do Internacional de macacos e generalizaram para os demais
torcedores do Brasil.
Nos dias de hoje com toda a evolução social e
cultural, ainda há barbaridades como essa, assim como dizer que a garota
merecia ser estrupada.
A sociedade em geral está cada vez mais
intolerante e subversiva, isso as vezes me assusta porque você não sabe com
quem e com o que está se lidando num mundo afora. Isso é extremamente
complicado para todos nós.
Não quero ser o pessimista, mas sendo um
pouco racional, acho que isso não há solução. É da natureza do ser humano
praticar a intolerância, a inveja, o ódio, a ganância, entre outros. A partir
do momento em que se distorce os sentimentos, não se merece confiança.
Imagine um amigo seu ou um parente que fosse
tratado como um animal. Imagine as pessoas que você ama vivendo sem ter nenhum
direito, podendo ser vendidos, trocados, castigados, mutilados ou mesmo mortos
sem que ninguém ou nenhuma instituição pudesse intervir em seu favor. Imagine
você, seu pai, sua mãe ou seu filho sendo tratados como coisa qualquer, como um
porco, um cavalo, ou um cachorro. Imagine sua filha sendo levada ou mesmo ao
seu lado, estuprada, todos os dias e depois, grávida à serventia do negócio de
seu dono.
Você que já chorou diante das cenas que
remetem o sofrimento de Jesus Cristo na sexta feira da paixão; você que fechou
os olhos frente às fortes imagens de Django Livre; você que se emocionou com 12
anos de escravidão, imagine.
Imagine – e saiba – que teu país e as
riquezas que o conformam existem em função de 4 séculos de escravidão. E de
tudo que deste período e deste sistema decorreu a partir de então.
E no dia seguinte tudo seria diferente.
Desde que acompanho o movimento negro,
aprendi que dia 14 de maio, o dia seguinte ao fim da escravidão, foi o dia mais
longo da história. Aliás, dizem outros, é o dia que não terminou. Depois de
séculos de sequestros, escravidão e assassinatos, o que se viu nos anos
pós-abolição foi a formação e o desenvolvimento de um país que negou e ainda
nega à população negra condições mínimas de integração e participação na
riqueza.
Sem-terra, sem empregos, sem educação, sem
saúde, sem teto, sem representação. Sequer a mais liberal das reformas, a
agrária, fora possível no país das capitanias hereditárias.
O dia seguinte, a década seguinte, os 127
anos seguintes ao fim da escravidão não foram suficientes para nos livrar de
uma herança racista, reafirmada cotidianamente pelos descendentes dos
colonizadores que sempre dirigiram o Brasil. Estes mantêm a posse do
latifúndio, hoje rebatizado agronegócio.
Se você é racista tenho pena de você, quão
nojento, mesquinho e sem moral você é, uma cor não define caráter, não define
status, não define coração, no fim das contas viemos do pó e para lá
voltaremos, o que te faz ser melhor do que nos "negros"? Seu carro?
Sua pele? Rosto perfeito fazendo propaganda na TV, vendendo seu "produto
branco "como o certo do padrão" de beleza" pobre homem que grita
nas ruas sua lei do "seja assim, seja aquilo".
Sou pós-graduado, procuro empregar meus
conhecimentos na valoração do ser humano, mostrando que é possível sim um
convívio estável e respeitoso "Ninguém é obrigado a amar e gostar, mas
respeito, deve ser mútuo e obrigatório".
O problema do racismo é a hipocrisia. Todos
têm algum tipo de preconceito que aflora apenas ao toque no teclado pensando
ficar impune.
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