Saudade

“Saudade, palavra triste quando se perde um grande amor 
Na estrada longa da vida eu vou chorando a minha dor 
Igual uma borboleta vagando triste por sobre a flor 
Seu nome sempre em meus lábios irei chamando por onde for.” (Hermínio Gimenez)

Uma simples casinha...

Hoje quando acordei, a saudade pulsava dentro de mim, como grandes larvas de um vulcão me atordoando mansamente.

Senti saudade da infância, de minhas amigas e das brincadeiras ingênuas e tão encantadoras, saudade de pegar leite com o leiteiro que passava numa carroça, que se chamava Miguel, era fascinante levar a leiteira e voltar com um ou dois  litros  de leite para todos da casa, sentia-me muito útil em fazer essa tarefa!

Depois lembrei que aos domingos era obrigatório ir à missa com minha irmã e não entender nada do que estava sendo pregado, pois a missa era em latim e o padre ficava o tempo todo de costas para os fiéis, havia uma distância, e eu voltava sem uma mensagem forte dentro de mim, apesar de estudar sempre em colégios de freiras e padres, sempre percebia a falta de profundidade nos estudos católicos.

Senti de manhã saudade de meus avós, meus pais, que há pouco tempo ainda estavam perto de mim, e de repente, nos distanciamos com a partida deles.

Os domingos eram mais alegres, quando eu  não era órfã, estava acostumada a encontrar com meus pais e na maioria das vezes almoçávamos juntos, mesmo quando meus filhos ainda eram pequenos!

A casa está meio vazia, tento colocar em cada cômodo um pouco de mim, mas fica a ausência dos que se foram, não há como evitar!

Estou pensando seriamente em me reciclar, fazer novas amizades, ter novos contatos, investir sempre na minha escrita, que me realiza e me relaxa!

Cada um da família seguiu seu caminho, e sinto que dos poucos que restaram, alguns ainda estão em processo de despedida, por descobrirem novos caminhos, novas amizades, talvez um Amor ou até mesmo um trabalho interessante.

Quantos restarão?

Não quero responder, quero viver com alegria o hoje e deixar que o amanhã aconteça naturalmente, mas quero ter a oportunidade de escolher meu caminho.

Sinto uma pressão dentro de mim, como se alguém quisesse me deixar, mas ainda não descobriu a melhor maneira de fazê-lo!

Estou calma!

Resta-me sonhar sempre, porque não gosto de tristezas, e a vida é cruel muitas vezes, mas sou mais teimosa e não desisto de ser feliz!

Ainda que eu fique sozinha, quero continuar acreditando no amanhã e sorrindo sempre!

Tenho muitas histórias para contar, muitos amores para amar, muitos beijos para trocar, muita vida para ser vivida!

Não vou me perder, tenho as palavras que me acompanham e me direcionam sempre!

A casa permanece de portas abertas, entrarei sempre para relembrar do que vivi com minha família!

Uma simples casinha!

“Saudade, palavra triste quando se perde um grande amor 
Na estrada longa da vida eu vou chorando a minha dor 
Igual uma borboleta vagando triste por sobre a flor 
Seu nome sempre em meus lábios irei chamando por onde for.”